Este ano quero paz no meu coração
E no próximo também, por que não?
Alguém pode querer a guerra?
Ou almejar a não-guerra?
O que é paz, afinal?
Não-guerra?
E guerra? Não-paz?
Talvez colocar a paz no coração;
O dinheiro no bolso;
A saúde no corpo;
A positividade na mente;
A lucratividade no banco;
A felicidade no rosto;
A corrupção na sala fechada das velhas raposas;
O nepotismo nas repartições.
Colocar toda a minha confiança no meu plano de saúde – ou de doença?
Quero tudo todos os anos, tantos planos... Pedidos tão embaçados à beira-mar, tão superficialmente formulados que não passam do dia 2 de janeiro. Uma explicação de um ministro ou deputado apanhado no flagra tem mais consistência.
Reclamo da intolerância de países em conflito e no calor das festas de fim de ano ajo como um enviado da paz, mas no dia-a-dia lanço um olhar gelado pro meu vizinho, fecho a cara pro meu colega de trabalho e xingo o motorista que me fechou no trânsito. Eu sou contra a guerra, mas talvez não saiba o que é a guerra e por isso penso que vivo em paz.
Fico emocionado com a propaganda do fome zero, com as imagens dos lixões e vou dormir reclamando que comi demais. Pra aliviar a consciência fui naquele show cujo ingresso era um quilo de alimento não-perecível e acho que fiz a minha parte.
Pensando bem, este ano quero apenas ser mais verdadeiro e menos hipócrita. Aprender um pouco sobre paz e tentar ser apenas eu. Simples, reto, tranqüilo, enérgico e decidido a enfrentar o que vier de forma verdadeira.
Este ano quero menos hipocrisia no meu coração. Talvez assim eu possa contribuir para uma comunidade melhor.
José Carlos Pereira da Silva.
Uma atualização que fiz em dezembro de 2010.
